sábado, 23 de outubro de 2010

O mistério subterrâneo de Pelotas e Nazismo subterrâneo


Duas famílias alemãs à Santa Casa de Pelotas e que supostamente teriam servido a espiões nazistas para transmissões secretas por rádio para o Terceiro Reich, com a colaboração de um enfermeiro. O caso envolveria o próprio gerente da cervejaria, presidente do partido nazista na cidade, que chegou a se esconder nos porões da fábrica antes de ser preso e levado para Porto Alegre.

Essa é uma das muitas histórias que o povo conta sobre os túneis de Pelotas. Sua construção seria atribuída aos jesuítas, aos escravos ou aos diferentes exércitos que ocuparam a região. Mas o que deu origem a essas lendas? Existem mesmo antigos túneis sob a cidade?

A inauguração do Memorial da Santa Casa de Pelotas trouxe novas pistas. Com a reorganização dos documentos da instituição, foi encontrado um exemplar de 1942 do jornal 'Folha do povo', que relata uma investigação policial a procura de uma estação clandestina de transmissão de rádio no hospital. Supostamente, ela seria utilizada pelos espiões nazistas.

De fato, existiam passagens subterrâneas entre casas da mesma família, como a que havia na esquina da Rua XV de Novembro com a Dom Pedro II, bloqueada em 1913. A arquitetura de porões altos, como o da Biblioteca Pública, também fomenta a imaginação popular.

Muitos acreditam que na Praça Coronel Pedro Osório haveria um túnel, com saída na Casa da Banha, mas quando o prédio foi cercado com barris de pólvora pelas forças imperiais durante a revolução farroupilha, os soldados farrapos se renderam. Se houvesse uma rota de fuga subterrânea, teria sido usada nessa ocasião.

Outros acham que existiu uma passagem entre o Mercado Público e a Prefeitura, mas o que havia ali eram duas antigas cisternas.

Algumas pessoas pensam que no Parque da Baronesa havia um túnel entre a gruta artificial do jardim e o algibe. As pessoas vêem os buracos e imaginam que eles tenham ligação. O fechamento de muitos desses poços ocorreu provavelmente depois de uma epidemia de côolera morbus causou a mortalidade de 6% dos 9 mil habitantes da cidade em 1855. Na época, o presidente da província calculou um total de 4 mil vítimas no Rio Grande do Sul.

A primeira epidemia de côolera morbus causou a mortalidade de 6% dos 9 mil habitantes da cidade em 1855. Na época, o presidente da província calculou um total de 4 mil vítimas no Rio Grande do Sul.

Com a chegada da Companhia Hydráulica Pelotense, que trouxa a água encanada à cidade em 1874, os antigos reservatórios que dividiam o subsolo com as fossas cloacais se tornaram obsoletos.
Rede de esgotos e galerias pluviais
No ano de 1913, com a construção da rede de esgotos, foi criado um regulamento sanitário que previa o fechamento dos algibes onde houvessem águas nocivas à saúde e à higiene da população.

Seus dois coletores gerais, feitos de concreto, têm dimensões bem maiores do que as dos canos de ferro que os alimentam, provenientes das outras ruas.

São duas galerias principais: o coletor ocidental, que vem pela Professor Araújo, passando pelas ruas 7 de Setembro, Santos Dumont, Marechal Floriano, Barão de Santa Tecla, Três de Maio e General Osório, seguindo em direção à rua Conde de Porto Alegre, onde as manilhas de ferro são


substituídas por tubos de concreto; e o oriental, que começa na Rua Marechal Deodoro, esquina com a Padre Felício, passa pela Avenida Bento Gonçalves e corre paralelo ao canalete da General Argolo até a Almirante Barroso, indo depois em direção à Rua Almirante Tamandaré.

Apesar de não terem sido feitos para circulação de pedestres, os trechos finais de sses túneis têm espaço suficiente para uma pessoa passar abaixada. Na junção dos dois dutos, na esquina da Tamandaré com a João Pessoa, o túnel passa a ter 1,94 m de altura e 90 cm de largura.

As galerias pluviais de Pelotas também podem ser consideradas verdadeiros túneis. É o exemplo das tubulações que levam a água da chuva até a confluência do antigo leito do canal Santa Bárbara com o São Gonçalo, por baixo da Avenida Saldanha Marinho, indo em direção à Rua Nossa Senhora da Luz. Em seu trecho final, o duto de quase 2 km de extensão chega a ter 1,70 m de altura.


Nazismo subterrâneo
Os porões da antiga cervejaria Ritter, que ficava entre a Santa Casa e o Camelódromo, são os mais impressionantes do subsolo de Pelotas. Eram usados para estoque e fermentação da cerveja produzida na fábrica, fundada em 1870 pelos irmãos Carlos e Frederico Ritter, e acredita-se que ocupavam a quadra toda. Mais tarde, a Cervejaria Sul-Riograndense, fundada pelo imigrante alemão Leopoldo Haertel em 1889, se uniu com a Ritter, e em 1944 elas foram vendidas para a Brahma.
Muitos populares acreditam que a passagem ia até a caixa d’água que fica em frente ao hospital, de onde os espiões alemães transmitiriam mensagens por rádio para o III Reich. Na II Guerra Mundial, os imigrantes alemães sofreram perseguições e tiveram os seus bens destruídos. Segundo Leopoldo Haertel, neto do fundador da Sul-Riograndense, o prédio da Ritter só foi poupado depois que seu tio e seu pai ficaram na frente do edifício segurando uma bandeira do Brasil.

Ele conta que o gerente nazista fugiu para dentro dos porões da cervejaria com um cachorro pastor alemão. “O animal começou a fazer barulho, então o gerente deu um tiro nele, e os brasileiros o acharam”, relatou Haertel.

Agora a fachada do prédio está sendo restaurada para a construção de um shopping center. A arquiteta Singoala Miranda, responsável pelo projeto do shopping, acredita que os túneis possam por baixo da Santa Casa, mas como seus trechos finais estão bloqueados, é impossível saber com certeza até aonde eles iam. Não foram encontrados documentos que comprovassem o fato, mas a empresa realizadora do empreendimento localizou vestígios dos alemães nos porões. O que se sabe com certeza é que o coletor de esgotos que passa entre a Santa Casa e a fábrica fica entre 4,5 m e 6 m de profundidade, que foi construído anos antes da II guerra Mundial, na década de 1910. Portanto, o túnel precisaria estar bem mais abaixo para poder chegar até a caixa d´água ou ao hospital.

A equipe da arquiteta não pôde averiguar mais fatos históricos relacionados ao prédio porque a Biblioteca Pública de Pelotas, que guarda os jornais da época estava em reformas na ocasião. A bibliografia da época sobre o assunto é rara, a planta original do prédio não pôde ser localizada e até então não foram encontradas provas documentais que confirmem a história. Mas a quantidade de relatos conservados oralmente pelas pessoas que viviam em Pelotas na época ajudam a fazer crer que a história possa ter realmente acontecido. Verdade ou não, a imagem que ficou na memória de alguns mais idosos foi a de um enfermeiro chamado João Perneta colaborando com as transmissões de rádio dos nazistas.

Relatos falam de passagens subterrâneas em vários outros pontos da cidade, mas a dúvida continuará existindo, pelo menos até que se possa pesquisar o assunto com a profundidade que ele merece.


Autor: B. M. Farias
Fonte: Site da Revista de História da Biblioteca Nacional (www.rhbn.com.br)

3 comentários:

  1. O amigo esqueceu de colocar os devidos créditos na reportagem. O texto original no qual as fotos foram publicadas em primeira mão é www.tuneisdepelotas.xpg.com.br. E o site da Revista de História da Biblioteca Nacional também publicou um texto sobre o assunto, disponível em http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1764
    Favor citar a fonte! Obrigado!

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  2. irei colocar
    obrigado pela informação!
    os dados foram retirados de um E mail que eu recebi... e nele não constava a fonte..
    mas fico grato o/

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  3. Alessandro, pedi pra você colocar os devidos créditos na reportagem há 7 meses e até agora nada. Quando vai arrumar?

    Autor: B. M. Farias
    Fonte: Site da Revista de História da Biblioteca Nacional (www.rhbn.com.br)

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